sexta-feira, 19 de junho de 2009
O fututo da fotografia
"Precisões sobre o que será o futuro do nosso mundo serão sempre uma incógnita. O mundo tornar-se-à inabitável pela acção do homem ou iremos simplesmente desaparecer tal como os dinossáurios? Iremos sucumbir à crise de energia ou financeiras?
Prever o que acontecerá no mundo não é tarefa fácil. Muito do que parece certo não acontece. Mas, com a fotografia é um pouco mais fácil prever.A fotografia é o resultado da técnica, a construção das câmaras, dos filmes, dos cartões de memória do papel fotográfico depende de uma indústria. Ao contrário das outras artes, como a pintura, a fotografia exige um elevado investimento e conhecimento técnico para a realização de boas fotografias. Imprimir em casa dá muito trabalho, os custos são muito caros e os resultados são ridículos.Têm os profissionais de impressão continuar a desenvolver conhecimentos para que os seus trabalhos sejam de qualidade.Para os profissionais de imagem devem continuarem a realizar fotografias com qualidade, diferenciando-se, assim tenho a certeza que a fotografia Profissional não acabará."
Fonte: ANIF
Finalizando
Quando surgiram as primeiras ferramentas digitais, as opiniões dividiram-se e assim permanecem. Alguns fotógrafos eram da opinião que um trabalho produzido digitalmente devia ser banido das exposições e repudiados quando impressos. Os argumentos ficam pelas características-chave da fotografia, que dependia da gravação daquilo que se capta do real, por um individuo com sensibilidade visual. Para o grupo mais clássico da fotografia a manipulação num computador revelava a fraqueza da fotografia como um meio honesto de representação da realidade.Outros diziam o contrário, afirmando que a manipulação veio muito antes do digital.
Na história ficam os ilustradores que combinavam impressões a partir de vários negativos e faziam as suas montagens, as fotografias impressas em papel eram muitas vezes alteradas quando era necessário melhorar algum aspecto. Ou como as fotografias de Estaline, que à medida que terminava com os seus inimigos os ia "apagando" da imagem até ficar sozinho.
Fotografia de Estaline manipulada, os membros do partido que acabavam como inimigos eram apagados da memória histórica.
Pela alteração de erros existem fotógrafos que defendem a exploração de todas as tecnologias possíveis para verem o que estas podem oferecer como ferramentas para produção de imagens.
No ramo do marketing e publicidade, a manipulação digital é muito utilizada para imagens de venda cativantes e atraentes.Também os fotógrafos artísticos vêem o digital como ferramenta útil para expressar ideias visuais e desenvolver novas formas de imagem.
Contudo, como já referido, é na imprensa que a manipulação digital encontra mais dificuldades e entraves. As manipulações não identificadas enfraquecem aquilo que é considerado "verdade fotográfica" da máquina. Como vimos existem fotojornalistas que preparam cenários em zonas de guerra para conseguirem efeitos mais fortes, os editores também escolhem qual será a mensagem da imagem, retirando ou acrescentado coisas, como o caso de Obama e o fato de banho e a perna retirada da imagem dos atentados em Madrid.As ferramentas digitais facilitaram agora o processo de intensificação de certas notícias.
Como diz Michael Langford : "O facto é que a realidade das situações das grandes fotografias jornalísticas é que lhes deu substância no passado. Hoje que a manipulação digital pode enganar os leitores, ela tem de se assentar na integridade dos fotógrafos e dos editores"A fotografia prende o momento e fica na história, é este poder que fixa a ideia de que a manipulação de imagens é ilícita, alterar pessoas, cenários , factos, pode marcar a nossa história, e quem o denunciar pode apontar o dedo e colocar a palavra arrependimento na consciência de quem altera a realidade.
Na Internet tudo se complica, só o futuro pode saber o que sairá da liberalização de produção de imagens, de conteúdos, mas como já afirmei penso que está na ética a resposta de tudo, no caminho que escolhermos seguir, pela anarquia ou por uma liberalização assistida, com cuidados, onde os direitos dos outros são respeitados. Deve ser visto como a questão da liberdade. " A minha liberdade acaba quando a do outro começa" no meio digital deveria ser assim por que meios é que não sei... é um mundo tão complexo e vago que acho que vou deixar para reflectir mais tarde, ou melhor deixar na consciência de cada um.
Se a ética digital existe? Claramente ou na transparência não, a ética está nas pessoas.
quinta-feira, 18 de junho de 2009
O contra-ponto
A manipulação de imagem cresceu, é um facto que passa de casa em casa através do acesso à Internet, e todos a podem praticar. Não existem limites, ninguém tem a solução prática para controlar a influência da rede web, fica apenas a ética e o bom senso, e princípios tão subjectivos permanecem um risco para a protecção de vários direitos.
Contudo acho pertinente relembrar um caso de manipulação que pode gerar controvérsia mas que penso que foi bem feito, a fotografia leva-nos até aos atentados em Atocha e correram mundo, e existe uma fotografia que circulou mundo e gerou duvidas quanto à legitimidade da alteração de imagem...
Esta imagem é do 11 de Março em Madrid, Atocha, junto ao caril podemos ver um pedaço algo avermelhado, é um bocado de uma perna de uma das vitimas. O jornal El País publicou- a em primeira página depois do atentado, a fotografia suscitou algo às pessoas que se aperceberam que se tratava de um pedaço humano. Não se sabe se o jornalista e o editor não se aperceberam ou se preferiram mantê-la como realmente era a situação. Noutra publicação no Brasil a perna desaparece, não está perto do carril, foi apagada, por ser algo demasiado chocante para um jornal que é comprado por todo o tipo de idades e pessoas.
Nesta situação coloco-me ao lado a edição que preferiu cortar a perna, pelo simples facto, de tanto as pessoas que sobreviveram como os familiares das vitimas devem ser protegidos deste tipo de imagens. A exposição de um cadáver ou de uma parte de um corpo é algo que pode influenciar psicologicamente quem esteve envolvido no facto. Deve existir uma protecção das vitimas, pela questão espiritual talvez ou religiosa, a vitima deve ser relembrada como era e não em pedaços. A vida de alguém é demasiado sagrada para que a sua morte seja banalizada por imagens. Não condeno a publicação da fotografia original, mas penso que uma manipulação a respeito de determinados valores pode ser legítimo.
Contudo esqueço- me de referir o facto de que o editor podia ter escolhido outra imagem que não esta para a sua capa evitando assim a manipulação. A manipulação deve ser sempre vista como algo a evitar, a publicação de imagens manipuladas depende de escolhas feitas pelo jornalista e pelo editor. Mesmo pensado na questão moral que aponto a acima, a escolha de uma outra imagem teria sido mais sensata.
Alteração de espaços... a dramatização
Tratamento Vs Manipulação... uma pequena conclusão
fotográficas, uma vez que os dois conceitos, apesar de muito diferentes, são muitas vezes confundidos.
O tratamento de uma fotografia constitui na melhoria da qualidade da imagem. É o uso da tecnologia disponível para iluminar pontos escuros, valorizar a luz e até alterar a saturação das cores, tornando-as mais fortes ou mais leves, dependendo do que se quer transmitir. Quando
se trata uma imagem, a intenção não é de alterar o seu conteúdo, pode se dizer que a informação que faz parte do quadro não é modificada.
A manipulação, no caso específico do fotojornalismo, existe interferência na realidade dos factos. Podem ser acrescentados ou excluídos objectos, ambiências e personagens, dependendo da intenção de quem a manipula. Neste caso, o real pode ser transformado em ficção.
Um caso de defesa da manipulação
Quando um utiliza as coisas do outro
Ao reconhecer a fotografia original a Associated Press, local onde a fotojornalista vendeu a sua foto, acusou o cartaz famoso "Hope" de mau uso da imagem, sem consentimento. Claro está que o advogado de Farey defendeu o uso da imagem, considerando que por um "fair use" a imagem podia ser tomada para uma peça de arte, que fez parte da campanha de Obama durante as presidenciais.
São os dois lados da manipulação que já foram abordados neste blog, o uso da fotografia de outrem e a manipulação pela peça artística.
Fonte: USA Today
Casos Recentemente falados...
Este caso foi bastante falado por alguns jornalistas norte-americanos entre eles esta Susan Moeller, que classifica a manipulação de imagens com falta de ética. Entre as críticas está também o facto de ter sido utilizada uma foto de um paparazzi para manipulação e colocada como capa. A jornalista fala ainda que no meio jornalístico quando queremos mudar alguma coisa na fotografia é melhor escolher outra, e não optar por dar à personagem da imagem, neste caso Presidente dos Estados Unidos da América, um ar mais dramático, com uns calções mais coloridos, com um fundo negro, parecendo que surge da escuridão, alterando por completo a visão que o público tem dessa personagem.
Fonte: Huffington Post
Uma questão de consciência
Se existem até vídeos explicativos, cursos e workshops, por que não um individuo que sempre gostou de fotografia envergar por este meio, quer dizer as ferramentas tão lá, o equipamento existe e é cada vez mais prático e rápido, porque não experimentar?
Como se pode limitar isto?
Como se colocam as regras?
A lógica do Wikipédia já tomou conta da área visual, qualquer pode escrever e mostrá-lo, a imagem não deixou de ser diferente.
A Internet é apontada como grande culpada por alguns profissionais, que esta veio a diluir valores e princípios dos cidadãos e dos profissionais. Há quem olhe ainda a Internet como o destruidor das regras. Como se coloca em prática as regras num espaço tão vasto? Penso que talvez seja melhor uma instalação da liberalização das imagens e deixar o público escolher. É ele que as consome diariamente e de diversas formas. A resposta poderá estar na forma como cada um é educado, como cada um vê essa ilicitude, se ela existe ou não, cabe à ética de cada um.
Contudo mantenho a posição que, existem casos que devem ser colocados um travão, não será o da força, mas talvez o da repressão e castigo. Um profissional tem ainda mais dever que um cidadão amador percorrer o caminho mais honesto, deve existir além de uma deontologia profissional uma auto-censura, um reconhecimento de que há práticas fraudulentas que podem influenciar uma sociedade, se não uma mentalidade mundial sobre determinado assunto. Permanece aqui implícito que um profissional deve antes de tudo lembrar-se para quem trabalha, não para a empresa, mas para o PÚBLICO.
Continuamos na verificação e na apresentação de casos e voltaremos mais tarde a esta reflexão.