quarta-feira, 17 de junho de 2009

Fotojornalista Vs Fotógrafo

Depois de observadas as definições, e um pouco da história podemos começar a falar nas diferentes manipulações. Sim pelo do que podemos observar do mundo da imagem, existem várias formas de manipulação. É como ver a diferença entre Fotojornalista e Fotógrafo. Começamos pela forma como trabalham, nos temas que seguem, nos príncipios e valores que se regem e aí talvez possamos falar na maior ou menor ilicitude de uma manipulação.

Vejamos o seguinte raciocínio, um Fotojornalista é antes de mais um jornalista, logo aí a imagem que este vai captar pretende dirige-se a alguém, faz parte de um todo, de um processo de comunicação, o fotojornalista tende a procurar as histórias pelo seu valor notícia, mantendo-se ou não, mais ou menos objectivo, pela sua profissão o facto é que acaba por ser subjectivo no objecto ou situação que capta com a sua câmara. Pelo facto de estar intrinsecamente ligado ao seu público -alvo, pela sua experiência noções de ética, socialização e estilo editorial. Não é isto uma forma de manipulação involuntária? Penso que sim.

Como diz Manuel Correia, fotojornalista do Jornal de Notícias: "O fotojornalista é visto como alguém que se furta ao convencional; ao social e politicamente correctos. Temos, por vezes, de fugir à ortodoxia e à normalidade, embora sem desvios éticos e de deontologia para se conseguir desempenhar a missão, dada a dificuldade em transpor os muros altos dos poderes instalados, que condicionam a nossa actividade, mais do que a de qualquer outro jornalista. Há casos em que até fazemos parte do "happening". Somos queridos e desejados; detestados e odiados; às vezes, simplesmente tolerados; outras vezes, somos a esperança dos que já a perderam há muito. O nosso trabalho favorece a visibilidade do real acontecido, consonante com a "verdade dos factos", o que nem sempre é assim tão linear. A ficção audiovisual dá uma ideia do mundo que as pessoas interiorizam, mas são as fotos de imprensa aquelas que chocam e são a imagem daqueles que não têm direito à opinião e à imagem física e moral, próprias da sua condição humana.
O fotojornalista é um operador da fragmentaridade. É ele que escolhe "isto" e não "aquilo" no momento de registar na película (no suporte digital, mais ainda) aquela fracção de segundo de algo que aconteceu e merece ser notado — daí, ser notícia. Esta é a razão perceptiva que o legitima como jornalista.O repórter imprime e exprime a sua subjectividade relativa, tendo em conta o jornal onde trabalha. É preciso ter em conta a diversificação temática e sociológica e as especificidades dos jornais, relativamente aos respectivos segmentos de leitores-alvo. A fotografia do «Público» é diferente da do «Jornal de Notícias»; o «Diário de Notícias» distingue-se bem do «Correio da Manhã»; este do «24 Horas» e assim por diante."

Destas elações podemos concluir que a imagem para o fotojornalismo segue mais do que aquilo que se vê em panorâmica. Tem de ser feita uma escolha, onde cabe a palavra manipulação, pois são os fotojornalistas que escolhem o que o seu público vai ver. Será que o direito a ser informado é aqui respeitado? Pode se pensar que não, que o jornalista fabrica mentalidades, mas na realidade o público escolhe o que quer ver.
O público cria os seus próprios grupos, e como diz Manuel Correia, os leitores do Público são diferentes dos leitores do Jornal de Notícias. Desta forma o Fotojornalista rege-se pelo que o seu público quer ver no seu jornal ou noticiário ou site, é uma subjectividade legítima, pois procura a diversidade de contéudos. Cada jornal dá a visão do acontecimento consoante a forma como se comporta e reage o seu público.
É controverso mas se as imagens fossem todas do mesmo plano, aí sim a realidade estava completamente alterada. Os vários planos podem trazer várias versões e daí o público escolhe a sua opinião. Deve existir um livre acesso às informações, só dessa forma a manipulação, no sentido não disfigurativo da imagem, mas do ângulo subjectivo do fotojornalista, parece me ser legitima.





Fotografias e montagem de Jerry Uelsmann


Vejamos o caso do Fotógrafo que além de apreciar toda a técnica fotográfica, maquinas acessórios, procura também a arte, há quem veja a fotografia como a continuação da pintura, uns com tendências surrealistas como o caso de Jerry Uelsmann, utilizando vários negativos para obter uma peça artística, outros fazendo montagens com objectos, de uma forma ou de outra criando a sua realidade. Passando para a fotografia aquilo que vêem do mundo, pintando com a câmara e vários "disparos" um conjunto que poderá mostrar o seu estado de espírito. Explorando as cores e a luz existem fotógrafos que vivem da manipulação para criar algo artístico.
Claro está que nem todos os fotógrafos utilizam montagem ou manipulação de imagem, mas parece- me, que esta forma de arte é um pouco mais flagrante, denota-se à primeira vista que não é só uma fotografia, ao contrário do exemplo de cima do fotojornalista.
Utilizar a imagem como arte. É uma forma legitima também, este tipo de montagem artística tem uma finalidade, está reconhecido e as pessoas sabem que não é a realidade do mundo, mas sim a realidade de UM MUNDO.

É a diferenciação de CAMINHOS que legitima a imagem, penso eu, se cada imagem tiver a sua finalidade predefinida a manipulação que sofre é atenuada por esse objectivo.


Contudo hoje qualquer pessoa pode fazer fotografia artística ou jornalistica, basta ter uma máquina digital, um computador com programa informático, montar, fazer o seu trabalho e através de uma ligação à rede publicá-lo.
Ou seja, hoje quem quiser pode ser fotógrafo. Como se limita isto? Como é que um fotógrafo profissional combate as ligações web, e as ferramentas que auxiliam o cidadão a criar a sua peça?

É isto que me coloca num ponto de reflexão, hoje sendo fotojornalistas ou como fotógrafos, qualquer um de nós pode produzir um conteúdo informativo ou artístico para ser publicado na rede web.

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