quinta-feira, 18 de junho de 2009

O contra-ponto

Que os computadores e a Internet vieram a trazer novas funcionalidade e novas perspectivas da imagem já sabemos, que a manipulação está na mão de cada um também, que o profissional deve ser aquele se protege e mantém a sua ética à cima de tudo outra que já sabemos. Temos conversado sobre vários pontos desconexados por posts mas tudo isto diz o mesmo, fala do mesmo.
A manipulação de imagem cresceu, é um facto que passa de casa em casa através do acesso à Internet, e todos a podem praticar. Não existem limites, ninguém tem a solução prática para controlar a influência da rede web, fica apenas a ética e o bom senso, e princípios tão subjectivos permanecem um risco para a protecção de vários direitos.

Contudo acho pertinente relembrar um caso de manipulação que pode gerar controvérsia mas que penso que foi bem feito, a fotografia leva-nos até aos atentados em Atocha e correram mundo, e existe uma fotografia que circulou mundo e gerou duvidas quanto à legitimidade da alteração de imagem...




Esta imagem é do 11 de Março em Madrid, Atocha, junto ao caril podemos ver um pedaço algo avermelhado, é um bocado de uma perna de uma das vitimas. O jornal El País publicou- a em primeira página depois do atentado, a fotografia suscitou algo às pessoas que se aperceberam que se tratava de um pedaço humano. Não se sabe se o jornalista e o editor não se aperceberam ou se preferiram mantê-la como realmente era a situação. Noutra publicação no Brasil a perna desaparece, não está perto do carril, foi apagada, por ser algo demasiado chocante para um jornal que é comprado por todo o tipo de idades e pessoas.

Nesta situação coloco-me ao lado a edição que preferiu cortar a perna, pelo simples facto, de tanto as pessoas que sobreviveram como os familiares das vitimas devem ser protegidos deste tipo de imagens. A exposição de um cadáver ou de uma parte de um corpo é algo que pode influenciar psicologicamente quem esteve envolvido no facto. Deve existir uma protecção das vitimas, pela questão espiritual talvez ou religiosa, a vitima deve ser relembrada como era e não em pedaços. A vida de alguém é demasiado sagrada para que a sua morte seja banalizada por imagens. Não condeno a publicação da fotografia original, mas penso que uma manipulação a respeito de determinados valores pode ser legítimo.

Contudo esqueço- me de referir o facto de que o editor podia ter escolhido outra imagem que não esta para a sua capa evitando assim a manipulação. A manipulação deve ser sempre vista como algo a evitar, a publicação de imagens manipuladas depende de escolhas feitas pelo jornalista e pelo editor. Mesmo pensado na questão moral que aponto a acima, a escolha de uma outra imagem teria sido mais sensata.

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